Líbia enterra clérigos supostamente
mortos por ataque da Otan
Aliança militar nega ataque e diz que atingiu centro de comando das forças de Gaddafi
Louafi Larbi/Reuters
Libaneses fazem funeral para mortos em suposto ataque das forças da Otan
Choro, cantos e uma salva de tiros para o alto marcaram neste sábado (14) o funeral de nove clérigos que a Líbia alega terem sido mortos por um ataque aéreo da Otan. A aliança militar, contudo, nega e diz que o prédio que atingiu era um centro de comando das forças leais a Muammar Gaddafi. A Otan está bombardeando a Líbia como parte do mandato que recebeu do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) para proteger os civis diante da violenta repressão promovida por Gaddafi à revolta contra seu governo de 41 anos.
Alguns membros da Otan dizem que vão continuar até conseguir expulsar o líder líbio, que chamou a Otan de uma organização covarde cujas bombas não conseguirão matá-lo.
Os nove clérigos estavam entre 11 pessoas mortas num ataque a uma hospedaria na cidade de Brega, no leste do país, na sexta-feira (13), disse o governo. Os outros dois mortos foram enterrados num lugar diferente.
Aglomeração de umas 500 pessoas no funeral, que foi realizado perto do porto de Trípoli, gritava frases de protesto.
- Que Deus derrote as forças da Otan na terra, no ar e no mar.
Os caixões foram carregados acima das cabeças para dentro do cemitério e lá foram abertos para mostrar o que parecia ser corpos enrolados em panos verdes e cobertos de flores, disse uma testemunha à Reuters.
Enquanto assistia aos funerais, Abdulrahman disse que "a campanha da Otan faz um insulto após o outro aos vivos e aos mortos".
Num comunicado, a Otan defendeu suas ações.
- Estamos cientes das acusações de que houve mortes de civis durante o ataque e, apesar de não conseguirmos confirmar esse fato de maneira independente, sempre nos entristece se há mortes de civis.
O canal estatal de TV da Líbia divulgou comentários em áudio de Gaddafi na sexta-feira aparentemente destinados a desmentir comentários do ministro das Relações Exteriores italiano que disse que Gaddafi provavelmente estava ferido e havia deixado Trípoli.
- Digo aos cruzados covardes [Otan] que vivo num lugar que eles não podem atingir e onde eles não podem me matar. Mesmo que vocês matem o corpo, vocês não conseguirão matar a alma que vive no coração de milhões.
A Otan atacou o complexo Bab al-Aziziyah de Gaddafi em Trípoli na quinta-feira (12), mas o porta-voz do governo Mussa Ibrahim disse que o líder saiu ileso e estava de bom ânimo em Trípoli.
A Otan disse que conduziu 148 vôos na sexta-feira, 44 deles para identificar e visitar alvos sem necessariamente usar munição.
A rebelião contra Gaddafi já dura três meses e os rebeldes controlam Benghazi e o leste da Líbia, onde está a maior parte da produção de petróleo. Milhares de pessoas já morreram no conflito. Trípoli diz que os rebeldes são criminosos e que apóiam a Al Qaeda. Diz também que os ataques da Otan são atos de agressão colonial pelos países ocidentais que querem controlar o petróleo da Líbia.
Os rebeldes ainda não conseguiram atingir seu principal objetivo militar de derrubar Gaddafi e tomar Trípoli. O conflito estagnou com a maior parte das batalhas recentes concentrando-se na cidade de Misrata, no oeste e na região montanhosa por ali.
Copyright Thomson Reuters 2011
Postar um comentário