Parlamento iraniano pede que Ahmadinejad volte ao trabalho
Presidente está há oito dias de boicote por não aceitar demissão de ministro. Mais de 216 dos 290 deputados exigem que líder retorne a seu posto.
O Parlamento iraniano solicitou ao presidente Mahmud Ahmadinejad que aceite a decisão do guia supremo Ali Khamenei de impedir a demissão de seu ministro da Inteligência e retome seu posto após oito dias de boicote.
Mais de 216 deputados - de um total de 290 - assinaram uma carta em que exigem que o presidente atenda à decisão de Khamenei, que há duas semanas se negou a aceitar a demissão de Haydar Moslehi por parte de Ahmadinejad, informou neste sábado (30) o jornal Sharg, citando o deputado conservador de Teerã, Reza Akrami.
"Esperamos que siga o Guia Supremo e ponha fim a uma situação que beneficia nossos inimigos", escreveram os deputados.
Uma delegação da maioria conservadora parlamentar, à qual pertence Ahmadinejad, visitou o presidente "recentemente" em sua casa para pedir que "retome seu trabalho", segundo Akrami.
Khamenei readmitiu Moslehi, de quem Ahmadinejad havia ordenado a demissão, alguns minutos depois do anúncio da destituição, em 17 de abril.
Ahmadinejad reagiu ao veto do aiatolá Khamenei cancelando todas as suas aparições públicas depois do dia 22, uma ausência incomum para um presidente onipresente nos meios de comunicação, com aparições públicas e discursos quase diários.
O presidente iraniano não se apresentou a dois conselhos de ministros nem a várias reuniões oficiais e cancelou viagens pelo país. O site da Presidência está vazio há 10 dias. Ele também cancelou uma visita à cidade sagrada de Qom, bastião do clérigo conservador.
O aiatolá Khamenei lançou neste sábado uma advertência contra qualquer "manifestação de desacordo" dentro do regime, sem citar explicitamente Ahmadinejad, mas em uma clara alusão à crise atual.
"A menor manifestação de desacordo danifica o país. (...) Nossos inimigos (...) comemoram cada vez que surge uma atmosfera de confronto e devemos evitá-la", disse a principal autoridade religiosa iraniana.
Ahmadinejad permanecia desaparecido neste sábado (30) à noite, mas seu entorno deu sinais de querer relaxar a tensão.
O presidente vai continuar com seu trabalho" e "em breve se explicará", assegurou a deputada conservadora Fatemeh Aliya depois de se reunir com Ahmadinejad.
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