Juiz propõe congelar corpos para facilitar identificação de vítimas no RJ
Pelo menos 100 corpos estariam em estado avançado de decomposição. Saúde pública começa a impedir técnicos de ficar no IML em Teresópolis.
Com o grande número de corpos que não param de chegar ao Instituto Médico Legal (IML) improvisado em uma igreja de Teresópolis, na Região Serrana do Rio, a identificação das vítimas é cada vez mais complicada. Com cadáveres em estado avançado de decomposição, agentes da saúde pública começam a impedir que os técnicos trabalhem no reconhecimento dos corpos.
Responsável por chefiar a força-tarefa montada para agilizar a identificação dos corpos, José Ricardo, juiz da 2ª Vara de Família de Teresópolis, sugeriu às famílias da vítimas que os corpos deveriam ser congelados, para que possam ser identificados depois, "com mais calma".
A todo momento, o juiz tentava explicar a dificuldade para reconhecer os cadáveres. Segundo pessoas que entraram no IML, pelo menos 100 corpos já estariam em estado avançado de decomposição. O congelamento ajudaria a frear o avanço do estágio de decomposição.
Desde terça-feira (11), mais de 500 pessoas já morreram em toda a Região Serrana do Riopor causa das chuvas. Além de Nova Friburgo, os estragos estão concentrados principalmente em Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto.
A força-tarefa para auxiliar nos trabalhos de reconhecimento conta com integrantes da Polícia Civil, Ministério Público, Tribunal de Justiça e da Defensoria Pública.
De acordo com Ronaldo Oliveira, diretor de Delegacias Especializadas da Polícia Civil, os policiais trabalham na Região Serrana em duas frentes: "A primeira é a frente aérea, usada no resgate de pessoas vivas. Com helicópteros, fazemos o transporte dos bombeiros em locais de dificil acesso e esses bombeiros pegam as pessoas e levam para o hospital", disse o diretor.
"A segunda fase é a liberação dos corpos. A Polícia Civil, junto com membros do Ministério Público, Tribunal de Justiça e da Defensoria Pública, montou uma força-tarefa para agilizar o mais rápido possível a entrega dos corpos e diminuir o sofrimento dos familiares", explicou Ronaldo Oliveira.
Ainda segundo ele, a participação das pessoas no reconhecimento dos cadáveres é fundamental "Temos vários papiloscopistas, vários peritos para atuar com essa finalidade (reconhecimento dos corpos), colher digitais. O reconhecimento dos familiares e os documentos são muito importante, para se ter um trabalho bem integrado e que tá dando muito certo", finalizou o delegado.
Maior tragédia do país Esta já é considerada a maior tragédia climática da história país. O número de vítimas ultrapassou o registrado em 1967, na cidade de Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo. Naquela tragédia, tida até então como a maior do Brasil, 436 pessoas morreram.
No ano passado, de janeiro a abril, o estado do Rio de Janeiro teve 283 mortes, sendo 53 em Angra dos Reis e Ilha Grande, na virada do ano, 166 em Niterói, onde se localizava o Morro do Bumba, e 64 no Rio e outras cidades atingidas por temporais em abril. Em SP, durante o primeiro trimestte de 2010, quando a chuva destruiu São Luiz do Paraitinga e prejudicou outras 107 cidades, houve 78 mortes. Os números da Região Serrana do RJ superam ainda os de 2008 em Santa Catarina, com 135 mortes. Relembre outras tragédias.
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