Green Day presenteia fã com guitarra em show no Rio
Interatividade marcou a apresentação da banda na HSBC Arena. Turnê brasileira do trio de pop punk ainda passa por Brasília e São Paulo.
A interatividade entre músicos e público não é propriamente uma novidade nos shows de rock. Ainda nos anos 70, artistas como Iggy Pop, que se atirava sobre a plateia, costumavam utilizar este tipo de recurso para apimentar suas performances. No caso do Green Day, a coisa vai um pouco além. Durante as quase três horas de apresentação na HSBC Arena, no Rio, na noite desta sexta-feira (15), os fãs não só cantaram, dançaram e tiraram fotografias, como fizeram tudo isso em cima do palco, convidados pelo vocalista e guitarrista Billie Joe Armstrong. Teve até gente levando guitarra de presente para casa.
A noite teve início com o show de abertura da banda de punk rock e hardcore Zander. Formado por integrantes dos Dead Fish, Heffer, Noção de Nada e Deluxe Trio, o grupo não chamou muito a atenção das cerca de 14 mil pessoas que aguardavam a atração principal.
Às 22h30, a execução de “Do you remember rock n’ roll radio?”, dos Ramones, precedeu a entrada do vocalista e guitarrista Billie Joe Armstrong, do baixista Mike Dirnt e do baterista Tre Cool. Acompanhados de outros três músicos, deram início à apresentação com “Song of the century”, seguida de “21st century breakdown”.
“Já faz 12 longos anos, mas o Green Day está de volta”, gritou Billie Joe, em referência à única passagem da banda pelo Brasil em 1998, com a turnê do álbum “Nimrod”.
O que se viu a partir de então foi um desfile de hits como “Boulevard of broken dreams”, “When I come around”, “Holiday” e “Minority”, entre outros, costurado com algumas frases de efeito (“É o país mais bonito de todo o universo”, “Há sempre uma bandeira do Brasil em qualquer lugar do mundo onde tocamos”) e uma série de estripulias cênicas preparadas pelo trio no palco: explosões, labaredas, chuva de fagulhas e papel picado, banhos de mangueira na turma do gargarejo e até distribuição de camisetas com uma espécie de espingarda de ar comprimido. Tudo bem de acordo com o jeitão adolescente do vocalista, que parece se divertir de fato com as molecagens - ele chega até mesmo mostrar o derrière em determinado momento do show.
Karaokê Em algumas canções, Billie Joe convida pessoas da plateia para subir ao palco e dividir o microfone em algumas canções. Depois, encoraja os mais entusiasmados a voltar para a pista mergulhando sobre a turma do gargarejo.
Em “Are we the waiting”, beijou uma fã na boca ao melhor estilo Bono, do U2.
Em “Longview, convocou outras duas pessoas e fez um karaokê em cada estrofe da canção. Passou sua guitarra ao segundo felizardo, ensinou-lhe os acordes do refrão, e, ao final, para espanto e inveja da arena lotada, premiou o “calouro” com o instrumento. “Quero que a leve de presente”, disse o cantor, dirigindo-se ao incrédulo sortudo.
Apesar da aparente espontaneidade, ficou claro que os convites seguem à risca uma roteirização. Prova disso foi um penetra que conseguiu burlar a segurança e chegar próximo à banda. Foi agarrado por um brutamonte de prontidão na lateral do palco e arrastado para os bastidores, o que provocou certo tumulto e queda de um amplificador.
Em outro trecho do show, Billie Joe promoveu um rápido curso intensivo sobre história do rock: executou um medley misturando clássicos das bandas Black Sabbath (“Iron man”), Led Zeppelin (“Rock and roll”), Guns N’ Roses (“Sweet child o’ mine”) e AC/DC (“Highway to hell” e “Back in black”). Posteriormente, ainda citaria The Doors, Beatles e Rolling Stones, além de tocar “Blitzkrieg bop”, dos Ramones, na bateria, numa rápida troca de funções com Tre Cool.
A apresentação da banda é inegavelmente um espetáculo divertido. A pergunta que fica é se, depois de 20 anos de carreira e uma lista de sucessos, o grupo precisaria mesmo apelar para tantos elementos extramusicais para entreter um público fiel como o brasileiro.
O Green Day agora faz apresentações em Brasília (17) e São Paulo (20) antes de prosseguir com sua turnê pela América Latina, que ainda terá escalas na Argentina, Chile, Peru e Costa Rica.
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