Escolaridade dos políticos é menor na região Norte
Segundo o TSE, a região Norte tem o menor número de candidatos graduados e o maior de analfabetos
Para quem vai tentar uma vaga de emprego ou contratar alguém, ter uma boa escolaridade é importante? E na hora de escolher os políticos?. As perguntas referem-se à pesquisa disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e que revela o nível de escolaridade dos candidatos nestas eleições. Os números mostram que, quanto mais alto o cargo desejado, maior o nível intelectual dos políticos. A pesquisa apresenta que entre os presidenciáveis, os que são formados representam 77,7% dos candidatos. Apenas um candidato tem ensino médio e outro o superior incompleto. Já entre os que pleiteiam uma vaga como governador, em todo o país, o patamar é parecido: 77% são graduados, enquanto que 2,3% têm o ensino fundamental incompleto. Nenhum é analfabeto. Mas, quando se trata dos cargos proporcionais o panorama varia bastante. Entre os candidatos a deputado federal, 49,6% são formados e 11,3% cursam curso superior. Outros 24, 3% têm ensino médio, 7,2% o fundamental completo e 0,1% nunca estudou na vida. Já no nível estadual, os que concorrem são 43,2% formados e 29,9% fizeram o ensino médio. Aqui, os analfabetos somam 0,3% e aqueles que somente lêem e escrevem são 0,5%. Os dados indicam ainda que a diferença de formação também varia de acordo com a região. O Sul do país, por exemplo, tem o maior percentual de políticos graduados, com 51%. Por outro lado, a região Norte é representada por apenas 42,7% de candidatos formados, o menor percentual do Brasil. A mesma região Sul não tem nenhum analfabeto. Em compensação, os nortistas entram com um percentual de 0,8% de quem não frequentou a escola, o maior do Brasil. Entre os paraenses, do total de 822 candidatos (deferidos, indeferidos e impugnados), um apenas lê e escreve e 29 têm o ensino fundamental incompleto. A maioria possui o ensino médio (259) e o superior completo (379). EXIGÊNCIA Para o cientista político Edir Veiga, é possível fazer uma leitura do nível de exigência do eleitorado para cada cargo. “O eleitorado exige dos candidatos aos cargos executivos majoritários, a escolaridade mínima necessária. Principalmente o eleitor da classe média”. Veiga exemplifica que, no caso do presidente Lula, ele teve que concorrer três vezes até ser eleito. “Grande parte das três derrotas do Lula deve-se ao preconceito das classes médias e populares, que querem ver alguém que, no seu imaginário, represente intelectualmente uma posição de destaque”, diz. “Ainda hoje recebemos críticas à escolaridade do Lula, mesmo ele tenho ganhado a eleição por duas vezes”. As exceções, nos casos de cargos majoritários, devem-se apenas em cargos para prefeito, principalmente no interior do estado, segundo Veiga. “Empresários bem sucedidos sem escolaridade às vezes conseguem fazer carreira política em nível municipal, mas em Belém é mais difícil”. Por outro lado, em relação aos cargos proporcionais, a cobrança de formação não é grande, daí o número de candidatos com grau de escolaridade baixa ser maior. “Nesses casos, o critério não é tão claro porque os eleitores não conseguem avaliar as candidaturas individuais”, entende. “Ele acaba dando um voto de amizade e relação próxima, para aquele que ele conhece”. Sobre o fato de termos, no Norte, candidatos com menor formação, Edir considera que a questão refere-se ao próprio grau de escolaridade da população. “O capital intelectual da nossa região é baixo. Apenas 3% tem o ensino superior e a maioria possui somente o ensino fundamental. Os políticos apenas refletem a população”. É a mesma opinião de Sávio Pereira, 56 anos, comerciário. “Os políticos aproveitam da ignorância da população para fazer carreira. E muitos nem se preocupam em estudar”, avalia. “Mas acho que isso está mudando. As pessoas já reparam na capacidade dos candidatos. Eles mesmo começam a se destacar pelo estudo”. Já o estudante Hélio Cardoso, 19 anos, acha que o critério de formação de outros empregos deveriam ser aplicados aos políticos. “Se para trabalhar, preciso de capacitação, porque para um cargo público não?”, indaga. “Acho que quanto mais eles estudam, mais capacidade de administração possuem”.
Fonte: Diário do Par á
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