Mineiros do Chile vivem como se estivessem no espaço, diz astronauta brasileiro

Marcos Pontes diz que "limitações do corpo e da mente são as mesmas" vividas no espaço

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Martin Bernetti - 26.08.2010/AFP

Bombeiros colocam garrafas d'água num tubo que chegará até o refúgio onde estão os 33 mineiros presos; resgate da mina pode levar até quatro meses

se está no espaço, confinado numa nave.

Em relação à saúde física, o astronauta ressalta a importância de uma rotina de tarefas.

- A alimentação deve ser leve e os efeitos monitorados. A atenção com a higiene na alimentação e na eliminação de urina e fezes também, além da movimentação física, que deve ser leve e periódica.

Calma é essencial

O astronauta diz que os mineiros "precisam de apoio externo constante" por parte de psicólogos.

- É necessário ter calma, controle emocional. As emoções surgirão naturalmente e não devemos resistir, mas sim aceitá-las (...). Devemos estar preparados para nos conhecer, conhecer nossos companheiros.

Também o doutor Luiz Vicente Figueira de Mello, supervisor do Programa de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (USP), reitera a necessidade de "apoio psicológico constante" e afirma que "o contato [dos mineiros] com o mundo é vital para que eles se mantenham relativamente bem".

- Esse acompanhamento é essencial para a saúde mental. O apoio familiar, saber que a família está lá, principalmente os mais próximos, porque em situações de estresse o acompanhamento familiar é muito importante.

Psiquiatra diz que mineiros precisam de tranquilizantes

Segundo o psiquiatra, os trabalhadores já "passaram pela situação de isolamento, que é muito pior". As equipes levaram 17 dias para fazer contato com os operários. O resgate, no entanto, pode demorar até quatro meses.

• Para o especialista, seria mais indicado que os homens não fossem informados sobre o período que passarão dentro da mina. A notícia "aumenta o estresse novamente", justifica.

Questionado sobre a possibilidade de os homens sofrerem algum problema de saúde mental em decorrência desse isolamento, Mello afirma que "o ideal seria dar tranquilizantes a todos eles para se evitar o aumento do estresse, já que no momento eles estão sob o trauma, sofrendo o que chamamos de estresse agudo".

- No decorrer desse trauma podem vir a aparecer doenças nas pessoas que já têm tendências a desencadear um pânico.